sábado, 23 de abril de 2011

Discussão ética da Eutanásia

Eutanásia: Estado e religião não podem condicionar “direito humano fundamental”, defende investigadora

A professora universitária Laura Ferreira Santos defendeu hoje a eutanásia como “direito humano fundamental” que o Estado e as religiões não podem condicionar.
“Eu defendo o respeito pelas convicções razoáveis de cada um”, disse a docente da Universidade do Minho, ao intervir no último dia de trabalhos das VIII Jornadas sobre Comportamentos Suicidários, que decorreu desde quinta feira no Luso, concelho da Mealhada.

Na sua opinião, “o Estado não deve usar a força” para impedir a eutanásia às pessoas doentes em fase terminal que decidam morrer com apoio médico.

“Não podemos obrigar as pessoas a morrer de acordo com as convicções dos outros”, disse, sublinhando que a concretização desse direito individual “não é uma rampa escorregadia, como alguns afirmam”.

Trata-se antes de uma escolha, “numa sociedade em que as pessoas se habituaram já a fazer outras escolhas”, designadamente ao nível do planeamento familiar e da interrupção voluntária da gravidez.

“Por que é que eu tenho de assistir ao meu próprio filme de terror”, perguntou Laura Ferreira Santos, autora do livro “Ajudas-me a morrer?”.

Doutorada em Filosofia da Educação, Laura Ferreira Santos dedicou-se nos últimos anos às questões da morte voluntária assistida, preconizando a legalização da chamada eutanásia em Portugal.

A investigadora participou hoje, no Luso, na mesa redonda “Eutanásia e Suicídio Assistido”, tendo dissertado sobre o tema “A morte oportuna como tarefa da liberdade”.

“Não roubarás a última liberdade de escolha do teu irmão!”, disse, citando um dos “Dez Mandamentos da Lei de Deus” (“Não roubarás”), seguidos pela religião católica.

Na sua opinião, seria mais rigoroso substituir a regra “Não matarás” por “Não assassinarás”.

“Sou adepta de que se ofereça o máximo de possibilidades de escolha ao doente”, frisou a especialista.

Sem apoiar a eutanásia, o médico Ferraz Gonçalves, disse que “a primeira obrigação dos médicos nesta fase da doença [fase terminal] é controlar o sofrimento dos doentes”.

Segundo o especialista do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, deve-se “evitar que os doentes sofram sem qualquer sentido”, quando estão sujeitos a cuidados paliativos.

A médica Emília Albuquerque, do IPO de Coimbra, interveio na mesma mesa redonda das Jornadas sobre Comportamentos Suicidários, apresentando o tema “A ideação de morte em oncologia”.

Adaptado para o blog por Mark Simões

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Cancros da tiróide

O primeiro sinal de um cancro da tiróide é uma saliência indolor no pescoço. Quando os médicos encontram um nódulo na glândula tiróide, realizam vários exames. Uma exploração da tiróide determina se o nódulo está a funcionar, dado que um nódulo inactivo é mais provavelmente canceroso do que um activo. Uma exploração com ultra-sons (ecografia) é menos útil, mas efectua-se para determinar se o nódulo é sólido ou está cheio de líquido. Colhe-se uma amostra do nódulo por meio de uma agulha de biopsia para o seu exame ao microscópio, já que é o melhor modo para determinar se o nódulo é canceroso.

EPIDEMIOLOGIA E PATOGÉNESE
Os cancros da tiróide são malignidades relativamente pouco comuns. Houve 24 800 pacientes registados em Portugal com esta condição e forma reportadas 280 mortes na última publicação estatística nacional. Existe uma proporção de 2.5:1 entre mulheres e homens afectados com malignidades da tiróide. A exposição à radiação é o factor predisponente mais comum ao desenvolvimento do cancro da tiróide e foi reportado em muitos milhares de pessoas por toda a Europa após as devastações pela bomba atómica.
O cancro da tiróide inclui várias entidades clínicas indo desde os tumores clássicos papilar, folicular e anaplásico até aos atípicos carcinomas de Hurthle e medular, bem como ao linfoma da tiróide. As mutações no BRAF (V599E) são observadas em 40% dos carcinomas papilares. A sobreexpressão da ciclina D1 é observada em aproximadamente 50% dos carcinomas papilares, enquanto o factor de transcrição E2F1, que é parte da via de sinalização do oncogene Rb, tem uma regulação positiva em 80% dos carcinomas papilares e anaplásicos da tiróide. O carcinoma medular da tiróide está associado à neoplasia endócrina múltipla tipos 2A e 2B. O gene RET codifica o receptor transmembranar da tirosina quinase. Este gene é mutado em quase 100% de todos os pacientes de famílias com carcinoma medular da tiróide hereditário.

apresentação
A apresentação mais comum da malignidade da tiróide é um nódulo na tiróide ou uma linfadenopatia cervical. Muito menos frequentemente, os pacientes apresentar-se-ão com características sugestivas de doença avançada, como paralisia das cordas vocais, ou com sintomas devidos às metástases.



EXAMES




O diagnóstico da malignidade da tiróide é feito após exames de rotina, que devem incluir a função da tiróide, o exame com isótopos da tiróide e a ecografia da tiróide. Sob controlo ecográfico, é realizada uma biopsia por aspiração com agulha fina para obter um diagnóstico citológico e assim definir o tratamento. Outros exames com vista ao estadiamento incluem um exame por TC do pescoço e do tórax. Os níveis de calcitonina séricos são mensurados nos pacientes com carcinomas medulares da tiróide, enquanto a tiroglobulina sérica pode ser usada para monitorizar a recidiva nos carcinomas bem diferenciados, após ablação da tiróide.

tratamento
Após o estadiamento inicial, os pacientes com malignidades da tiróide são submetidos a cirurgia. Na maioria dos pacientes com cancros da tiróide, as opções cirúrgicas são quer a ressecção subtotal da tiróide, as opções cirúrgicas são quer a ressecção subtotal da tiróide, removendo o lobo que contem o tumor juntamente com o istmo da tiróide, ou a tiroidectomia total. Geralmente, a tiroidectomia parcial apenas é considerada naqueles pacientes copm tumores de baixo risco, como por exemplo aqueles com um foco simples de carcinoma papilar medindo menos de 1cm de diâmetro. Não há evidência que uma disseminação de rotina dos gânglios linfáticos adicione qualquer vantagem na sobrevivência. Subsequentemente à cirurgia, os pacientes são tratados com substitutos da tiróide, tendo como objectivo suprimir completamente a TSH, que pode conduzir ao desenvolvimento de recorrência.
Quando os pacientes com tumores da tiróide desenvolvem a doença recorrente, outras opções de gestão podem incluir a cirurgia ou a terapia por radiação. A cirurgia é o tratamento de eleição para os pacientes com carcinoma medular da tiróide recorrente, que é relativamente resistente à terapia por radiação e à quimioterapia. O tratamento por radiação é administrado quer pelo uso de radioterapia por feixe externo, quer pelo tratamento com iodo radioactivo, que se fixa no tecido da tiróide. Os linfomas da tiróide são tratados com quimioterapia standard para os linfomas. Diz-se que o seu prognóstico é desfavorável, mas esta informação é baseada em estudos clínicos limitados e pode não ser verdade. Contudo, estes dados conduzem a maioria dos clínicos a recomendar que a quimioterapia da tiróide seja seguida por radiação adjuvante.

Adaptado para o blog por Mark Simões

terça-feira, 19 de abril de 2011

Como podem os profissionais de saúde ajudar o doente terminal


Em primeiro lugar, pensamos ser importante reconhecer os direitos do doente terminal de forma que estes possam ser respeitados (Astudillo, 1996).
Direitos do doente terminal:
®    Direito à verdade;
®    Direito ao diálogo;
®    Direito à esperança;
®    Direito de exprimir os seus sentimentos;
®    Direito de participar nas decisões médicas;
®    Direito aos cuidados contínuos para um conforto físico e moral;
®    Direito à morte tranquila;
®    Direito a uma resposta honesta às questões;
®    Direito à ajuda familiar e à ajuda da família na aceitação da morte;
®    Direito de morrer em paz e dignidade;
®    Direito de fazer uma opção médica, religiosa ou espiritual, mesmo que aparentemente contrarie as crenças de outros indivíduos.
É no respeitar os direitos do próprio paciente que o profissional de saúde sente que a sua missão foi concluída. Na fase terminal, onde o tratamento deixa de ser curativo e passa a ser paliativo, os objectivos terapêuticos passam a ser o controlo da dor, a diminuição do sofrimento (em todas as suas dimensões) e a humanização da assistência. É muito importante que os profissionais sejam capazes de ver a doença como algo pessoal, individual e familiar, o que supõem saber captar os sinais do corpo e a atitude do paciente, interpretar os medos e a melhor estratégia terapêutica, adequando as doses aos limiares dos doentes.
É uma abordagem da doença na versão pessoal.
Saber cuidar da morte segundo Blasco (s.d.) implica que os profissionais de saúde tomem duas frentes de acção. A primeira surge numa mudança de atitude, ampliando os seus horizontes habituais fazendo do humanismo um companheiro na sua actuação profissional. A segunda, representada pela sua função técnica, poderá ser dominada «gestão» da morte. Ampliar os horizontes é pensar numa relação médico-paciente-família, promovendo nesta relação o humanismo, que toma por ideologia defender que mais importante que a doença é conhecer a pessoa doente.
Não existe uma forma correcta universal de resposta e adaptação a um mau prognóstico. A tarefa do médico consiste em auxiliar o paciente a adaptar-se da melhor forma possível, em função do passado específico desse paciente-familiar, cultural e religioso. Muitas pessoas possuem uma combinação de recursos internos e de bom apoio por parte da família e de outras pessoas que lhes permite adaptarem-se sem crises incapacitantes.
 A doença não deve ser vista tendo em consideração somente a sua manifestação fisiológica de um modo isolado, sendo necessário atender ao sofrimento por ela provocada e ao seu impacte no doente e na sua família. É necessário que se reconheça a dedicação pessoal da família, o cuidado oferecido e levar a família a colocar questões e a participar no tratamento e cuidados prestados aos pacientes. Os hospitais devem arbitrar as medidas necessárias para assegurar uma contínua e adequada intimidade entre o paciente terminal e os seus entes queridos ajudando os familiares a enfrentar esta situação de stress de que padecem.
A família deverá ser informada pontualmente da evolução da doença, dos sintomas que vão surgindo e como se processará esta etapa final. Muitas famílias atravessam as mesmas etapas de adaptação à doença e à morte que o paciente e requerem uma atenção cuidada. Os profissionais de saúde devem estar atentos às preocupações dos familiares, devem proporcionar o estabelecimento de uma comunicação aberta e evitar a «conspiração do silêncio», dedicarem-se ao paciente e prestar todos os cuidados necessários e possíveis existentes para esta etapa final da vida (Astudillo, 1996).

Artigo retirado do livro:"O doente oncológico e a família" e editado para o blog por Eunice Tomé

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Braquiterapia revoluciona tratamento do cancro da próstata

Radioterapia de elevada precisão combate directamente células cancerígenas
Braquiterapia está a mudar o paradigma terapêutico do cancro da próstata. Consiste num tipo específico de radioterapia, de elevada precisão, em que a fonte de radiação incide directamente nas células cancerígenas.
O mecanismo de actuação consiste na colocação de pequenas cápsulas junto ao tumor, que libertam dose de radiação directamente sobre ele, afectando minimamente os órgãos próximos e reduzindo os efeitos secundários, como a incontinência urinária e a disfunção eréctil. Ao ser mais e melhor orientado, a duração do tratamento é substancialmente inferior e mais eficaz: conseguem-se melhores resultados em um ou dois dias, do que em sete semanas de radioterapia convencional.
“Nos últimos anos assistimos a consideráveis avanços no campo da Braquiterapia. É uma ferramenta terapêutica extremamente eficaz e que permite aos profissionais de saúde tratar com melhor precisão e com muito menos efeitos secundários o cancro da próstata. Confere, de facto, ganhos fantásticos em termos de qualidade de vida do doente“, considera o Dr. Chrisfof Kastner, Urologista do Hospital Addenbrooke, no Reino Unido.
O cancro da próstata é o terceiro mais frequente em Portugal e o segundo mais mortal, de acordo com a Associação Portuguesa de Urologia, sendo responsável pela morte de 1800 portugueses por ano. Aparece, normalmente, depois dos 50 anos e, à medida que a idade avança, aumenta a probabilidade de ocorrência da doença.
Cerca de 80 por cento dos homens com 80 anos têm cancro da próstata, mas, na maioria dos casos, o problema não é diagnosticado e os doentes não têm sintomas. Apesar da enorme taxa de mortalidade, quando diagnosticado precocemente, tem uma elevada taxa de sucesso.


Adaptado para o blog por Mark Simões

domingo, 17 de abril de 2011

DIU protege de cancro do endométrio

Hormonas libertadas pelo dispositivo intra-uterino ajudam a travar a evolução do tumor
Os dispositivos intra-uterinos (DIU) que são usados como método contraceptivo podem ser eficazes no tratamento e na cura do cancro do endométrio (revestimento do útero) na sua fase inicial.

Segundo a investigação do Instituto Europeu de Oncologia em Milão (Itália), as mulheres que sofrem deste tipo de cancro podem vir a ser tratadas sem que sejam extraídos os ovários e o útero, sendo possível preservar a sua fertilidade durante mais anos.

No primeiro teste clínico provou-se que, mediante a libertação progressiva de hormonas levonorgestrel através do DIU, combinada com a injecção mensal de gonadotrofinas, é possível deter e fazer recuar o desenvolvimento do tumor em mulheres com menos de 40 anos de idade. Todas as mulheres que participaram no estudo responderam positivamente ao tratamento e muitas conseguiram engravidar posteriormente.

Adaptado para o blog por Mark Simões