segunda-feira, 16 de maio de 2011

Há cada vez mais jovens entre os doentes de cancro no sangue

O número de jovens com cancros do sangue está a aumentar também em Portugal. Cada vez mais os médicos recebem e diagnosticam este tipo de doença oncológica que se manifesta de forma muito agressiva em doentes mais novos, confirmou ao PÚBLICO a médica hematologista do hospital de Santa Maria, Graça Esteves.
O mieloma múltiplo é tratável, mas não curável
“O aumento de doentes jovens encontra-se, aliás, em todo o tipo de cancros, não apenas nos de sangue”, afirma em declarações ao PÚBLICO, o médico Ricardo Marques da Costa, da unidade de oncologia do centro hospitalar do Barreiro. Segundo este clínico, supõe-se que “a prevalência do cancro está a aumentar na população em geral” e que “a vida no início do século XXI não é a melhor para as células se propagarem saudavelmente”.

Entre os cancros de sangue inclui-se o mieloma múltiplo, uma espécie rara que regista 400 novos casos, todos os anos em Portugal.

O cancro do sangue inicia-se quando uma célula sanguínea se converte em maligna devido a anomalias no material genético. O mieloma é um deste tipo de cancros. Depois do linfoma de Hodgkin, é o segundo mais frequentemente diagnosticado.

Por regra, afecta sobretudo adultos com idade superior a 60 anos. A causa exacta do seu aparecimento permanece desconhecida mas facto de surgirem agora jovens com este diagnóstico, poderá atribuir-se a alguns dos factores de risco que podem aumentar a probabilidade de desenvolver a doença. A exposição a produtos químicos e o efeito de radiações, estão entre estes, nota a médica Catarina Geraldes dos Hospitais da Universidade de Coimbra. A constante exposição a produtos químicos como pesticidas ou sprays de pintura são também referidos entre os factores de risco. Vários estudos associaram também infecções, como a da Imunodeficiência Humana (HIV) no desenvolvimento do mieloma.

Em cerca de 80 por cento dos casos os doentes apresentam lesões ósseas, fracturas e osteoporose na altura do diagnóstico. Também ocorre insuficiência renal em 40 por cento dos casos.

O mieloma múltiplo é tratável, mas não curável. Os novos medicamentos que estão a surgir para tratar esta patologia estão a permitir combatê-la não apenas com quimioterapia. Com a eficácia desses medicamentos, diminui a mortalidade em consequência deste cancro que se transforma cada vez mais numa doença crónica, explica Paulo Lúcio, médico hematologista do Instituto Português de Oncologia e do Hospital Militar que participou na semana passada num encontro médico internacional em Paris, precisamente sobre o mieloma múltiplo.

Paralelamente ao aumento de casos, os avanços na investigação e a eficácia dos novos fármacos estão a permitir um significativo “aumento da percentagem de sobrevida na generalidade dos cancros”, nota Ricardo Marques da Costa. Este médico salienta também a importância do aperfeiçoamento dos métodos de diagnóstico que permitem “estar em cima” de forma muito mais rigorosa das doenças oncológicas que também se vão tornando cada vez mais curáveis.
Escrito e editado para o blog por Mark Simões

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