sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Vírus do Papiloma Humano e Cancro do Colo do Útero


O vírus do Papiloma Humano (HPV) é um vírus cujo genoma é constituído por DNA circular de cadeia dupla. Foram identificados até à data mais de 200 tipos de HPV dos quais cerca de 40 afectam, preferencialmente, o trato anogenital: vulva, vagina, colo do útero, pénis e áreas perianais. De acordo com o seu potencial oncogénico, os HPV podem ser classificados como vírus de “baixo risco” ou de “alto risco”.
Dos cerca de 15 HPV de alto risco que podem infectar o tracto anogenital, dois deles são responsáveis por mais de 70% dos casos de cancro do colo do útero, estando também associados a alguns casos de cancro vulgar, vaginal, peniano e anal.
Os HPV de baixo risco estão associados ao desenvolvimento de verrugas genitais.

Transmissão da infecção
O vírus do Papiloma Humano é responsável por uma das infecções por transmissão sexual mais comuns a nível mundial.
As infecções genitais por HPV são, geralmente, transmitidas por via sexual através do contacto epitelial directo (pele ou mucosa) e, raramente, por via cervical, durante o parto. Estão também descritos alguns casos de transmissão por contacto urogenital. A exposição nos primeiros anos após o início da vida sexual é frequente, mas não é universal.
As mulheres com início precoce das relações sexuais e com múltiplos parceiros nos primeiros anos de vida sexual, ou com um parceiro que tenha múltiplos parceiros, apresentam um risco maior de contraírem esta infecção. 

Desenvolvimento do Cancro do Colo do Útero
O cancro do colo do útero, o segundo tipo de cancro mais frequente na mulher em todo o mundo, tem uma etiologia bem conhecida, relacionada com a infecção por HPV (aproximadamente, 100% dos casos de cancro do colo do útero estão relacionados com infecção por HPV).
A integração do genoma de HPV no DNA da célula hospedeira promove a instalação genética, originando a replicação anárquica das células com acumulação de mutações genéticas e o aparecimento de displasias de grau variável que podem, se não forem detectadas e tratadas, evoluir para carcinoma invasivo.
A infecção persiste por HPV tem um período de latência prolongado (20 anos ou mais). O cancro do colo do útero desenvolve-se lenta e progressivamente e a idade de maior incidência da doença é entre os 45 e os 55 anos.


A existência de um tumor maligno com história natural complexa, mas bem conhecida e associada a um vírus (HPV), em quase 100% dos casos, levou ao desenvolvimento de duas vacinas. Desde Dezembro de 2006 está comercializada em Portugal a vacina tetravalente (Gardasil ®), desenvolvida contra os HPV 16 e 18 (responsáveis por 70% a 75% de casos de cancro do colo do útero) e contra os HPV 6 e 11 (responsáveis por cerca de 90% de casos de verrugas genitais/ condilomas).
Desde Outubro de 2007 está também comercializada em Portugal a vacina bivalente (Cervarix ®), desenvolvida contra os HPV 16 e 18 (responsáveis por 70% a 75% de casos de cancro do colo do útero).

Ambas as vacinas estão recomendadas a raparigas e mulheres jovens num esquema vacinal de 3 doses por via intramuscular e para nenhuma delas está estabelecida a necessidade de reforços.
A vacinação deve ser efectuada, preferencialmente, a jovens adolescentes antes do início de vida sexual activa; em Portugal, foi decidido administrar a vacina HPV por rotina no Programa Nacional de Vacinação (PNV) às raparigas de 13 anos de idade.
Nenhuma das vacinas existentes confere protecção contra todos os HPV oncogénicos e o seu efeito só se verificará a médio/ longo prazo. A continuidade e o desenvolvimento do rastreio do cancro do colo do útero é fundamental.
Direcção-geral de Saúde, Outubro de 2008 (adaptado)
Transcrito e editado para o blog por Eunice Tomé  

Sem comentários:

Enviar um comentário