O cancro não é uma doença isolada mas uma colecção de muitas doenças que partilham características comuns. O cancro é largamente visto como uma doença de origem genética causada por mutações do ADN, que fazem com que a célula se multiplique incontrolavelmente. Contudo, a descrição e as definições de cancro variam dependendo da perspectiva, como descrito abaixo.
PERSPECTIVA EPIDEMIOLÓGICA
Existem mais de 200 tipos diferentes de cancro, mas quatro deles – mama, pulmão, colorrectal e próstata – são responsáveis por mais de metade de todos os novos casos. Em geral, estima-se que uma em cada três pessoas desenvolverá alguma forma de cancro durante a sua vida. No período de 10 anos entre 1989-1998, as taxas de incidência de cancro estandardizadas por idade aumentaram em 1.6 por cento nos homens e em 6.3 por cento nas mulheres. Os cancros que mais aumentaram nos homens foram o melanoma maligno e o cancro da próstata, enquanto, nas mulheres, foram o cancro do rim, o Linfoma não Hodgkin e o cancro da mama.
A incidência do cancro refere-se ao número de novos casos de cancro que surgem num determinado período de tempo. A prevalência refere-se ao número de pessoas que receberam um diagnóstico de cancro e que estão vivas num determinado momento, algumas das quais serão curada e outras não. Assim, a prevalescência reflecte quer a incidência de cancro, quer o seu padrão associado de sobrevivência. Em geral, estima-se que aproximadamente 2 por cento da população do Reino Unido (cerca de 1.2 milhões de pessoas) estão vivas, tendo recebido o diagnóstico de cancro. O cancro que mais contribui para isto é o cancro da mama, com uma estimativa de 172 000 mulheres que estão vivas e que tiveram um diagnóstico de cancro da mama.
PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA
Os pacientes com cancro adoptam uma forma de comportamento transviado, medicamente sancionado, descrito nos anos 1950 por Talcott Parsons como «papel de doente». No sentido de serem dispensados dos seus deveres usuais e de não serem considerados responsáveis pela sua condição, espera-se que os pacientes procurem conselho profissional e admiram a tratamentos com o intuito de melhorarem. Os clínicos têm o poder de sancionar a sua ausência temporária do trabalho e deveres familiares, assim como absolvê-los do sentimento de culpa. Este modelo de comportamento minimiza o impacto da doença na sociedade e reduz o ganho secundário que o paciente beneficia como consequência da sua doença. Contudo, como apontou Ivan Illich, isto transforma os clínicos em agentes de controlo social pela medicalização da saúde, contribuindo para a doença iatrogénica - «uma vingança médica». De todos os diagnósticos médicos comuns, o cancro provavelmente acarreta o maior estigma e está associado ao maior medo. As muitas maneiras diferentes nas quais o cancro afecta as pessoas têm sido exploradas na literatura.
PERSPECTIVA EXPERIMENTAL
No laboratório, quatro características definem a célula cancerosa em cultura:
1) Clonalidade (todas derivam de uma única célula-mãe);
2) Cresce em agar, na ausência de factores de crescimento;
3) Atravessa membranas artificiais nos sistemas de cultura;
4) Forma tumores se injectada num raio imunodeficiente;
PERSPECTIVA HISTOPATOLÓGICA
O cancro é geralmente definido por várias características histopatológicas, particularmente a invasão e a metastização, que são observadas por exames patológicos e microscópicos vulgares. A coloração da laminina pode auxiliar o histopatologia na identificação da invasão local por tumores que rompem a membrana basal. Além disso, várias características microscópicas apontam para o diagnóstico:
1) Diferente morfologia em relação às células normais;
2) A arquitectura tumoral é menos organizada que a do tecido que lhe deu origem;
3) Aumento de DN nuclear e da proporção núcleo: citoplasma;
4) Núcleos hipercromáticas com engrossamento da cromatina e enrugamento das margens nucleares;
5) Multinucleadas ou com macronucléolos;
6) Figuras mitóticas numerosas e bizarras;
PERSPECTIVA MOLECULAR
As características moleculares que identificam o cancro são descritas em «Seis etapas para se tornar um cancro»:
1) Crescem sem sinal (auto-suficientes em estímulos de crescimento);
2) Não param de crescer (insensibilidade aos estímulos inibidores);
3) Não morrem (evasão da apoptose);
4) Não envelhecem (imortalização);
5) Alimentam-se a si próprios (neoangiogénese);
6) Alastram (invasão e metastização);
Escrito e editado para o blog por Mark Simões