domingo, 3 de abril de 2011

9ª Curiosidade sobre o Cancro...


A Fundação Champalimaud e o Ministério da Saúde assinaram esta quinta-feira um protocolo que irá permitir aos doentes com cancro que são seguidos no Serviço Nacional de Saúde terem acesso aos tratamentos e à investigação que vão ser desenvolvidos no Centro de Investigação Champalimaud.
Doentes com cancro a partir de Junho no Centro Champalimaud

O Centro de Investigação Champalimaud, em Lisboa, vai começar a receber os primeiros doentes de cancro em Junho, agora que o acordo com o Ministério da Saúde também já está assinado para que possam ser ali tratados beneficiários do Serviço Nacional de Saúde. O anúncio foi feito ontem por Leonor Beleza, presidente da Fundação Champalimaud, depois de uma reunião do seu conselho de curadores, um órgão consultivo.
Leonor Beleza espera que se estabeleçam parcerias com redes europeias de ensaios clínicos


"Os serviços clínicos vão iniciar-se a meio de Junho. Vamos trabalhar por áreas de cancro abrindo sucessivamente. A primeira é a do cancro da mama e é essa que se inicia em Junho", referiu Leonor Beleza. Os ge- nito-urinários, como da próstata e bexiga, e os digestivos estão incluídos nessas áreas a abrir mais tarde.

O acordo entre a Fundação Champalimaud e o Ministério da Saúde, assinado anteontem, permitirá tratar doentes do Serviço Nacional de Saúde que sejam encaminhados para o hospital de dia do Centro de Investigação Champalimaud. Mas Leonor Beleza quer que o conteúdo do acordo seja divulgado pelo Ministério da Saúde - que ontem também se escusou a adiantar mais informações -, acrescentando apenas que vai para além do tratamento de doentes.

A ideia é que o Centro Champalimaud, com os seus investigadores e médicos, e as instituições do Serviço Nacional de Saúde colaborem entre si, criando uma plataforma de trabalho para investigar o cancro e novos tratamentos. "Em conjunto, podemos participar em redes de ensaios clínicos", especificou Leonor Beleza.

Portugal está arredado da maior parte dos ensaios clínicos internacionais levados a cabo pelas empresas farmacêuticas (em todas as áreas e não só no cancro). A aprovação dos ensaios, pelas autoridades de saúde portuguesas, tem demorado tanto tempo que quem faz esses ensaios internacionais muitas vezes nem considera incluir doentes portugueses.

Mas os ensaios, além de possibilitarem avanços científicos importantes, também permitem aos doentes ter acesso a medicamentos experimentais, que ainda não estão à venda.

Três novos nomes
Se por um lado o Serviço Nacional de Saúde deixará de ter custos com o tratamento desses doentes, que será pago pela entidade promotora dos ensaios clínicos, como as empresas farmacêuticas, por outro lado o Centro de Investigação Champalimaud passa a ter acesso a um número maior de doentes para os seus estudos. Os doentes de outros subsistemas de saúde também terão acesso aos tratamentos do centro, que, além da investigação do cancro a pensar na sua aplicação rápida na clínica, irá dedicar-se à investigação básica em neurociências.

O protocolo com o Ministério da Saúde é um "acordo-chapéu", como lhe chamou Leonor Beleza, e irá traduzir-se depois em "acordos com hospitais e administrações regionais de saúde".

Ontem, Leonor Beleza apresentou também algumas peças que faltavam na estrutura dirigente do Centro de Investigação Champalimaud. Zvi Fuks, norte-americano de origem israelita, de 74 anos, vem dirigir todo o centro. Ao italiano Carlo Greco, de 47 anos, caberá a direcção da investigação clínica do cancro. E o português António Parreira, de 63 anos, será o director clínico do hospital de dia do centro. Fica só em aberto o lugar de director científico do programa do cancro.

Os três novos directores têm trabalhado todos na área do cancro. Vêm juntar-se ao norte-americano Zachary Mainen, director científico do programa de neurociências e que há alguns anos deixou o Laboratório de Cold Spring Harbor, nos Estados Unidos.


Retirado do site "Público.pt" e adaptado para o blog por Mark Simões

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