Em primeiro lugar, pensamos ser importante reconhecer os direitos do doente terminal de forma que estes possam ser respeitados (Astudillo, 1996).
Direitos do doente terminal:
® Direito à verdade;
® Direito ao diálogo;
® Direito à esperança;
® Direito de exprimir os seus sentimentos;
® Direito de participar nas decisões médicas;
® Direito aos cuidados contínuos para um conforto físico e moral;
® Direito à morte tranquila;
® Direito a uma resposta honesta às questões;
® Direito à ajuda familiar e à ajuda da família na aceitação da morte;
® Direito de morrer em paz e dignidade;
® Direito de fazer uma opção médica, religiosa ou espiritual, mesmo que aparentemente contrarie as crenças de outros indivíduos.
É no respeitar os direitos do próprio paciente que o profissional de saúde sente que a sua missão foi concluída. Na fase terminal, onde o tratamento deixa de ser curativo e passa a ser paliativo, os objectivos terapêuticos passam a ser o controlo da dor, a diminuição do sofrimento (em todas as suas dimensões) e a humanização da assistência. É muito importante que os profissionais sejam capazes de ver a doença como algo pessoal, individual e familiar, o que supõem saber captar os sinais do corpo e a atitude do paciente, interpretar os medos e a melhor estratégia terapêutica, adequando as doses aos limiares dos doentes.
É uma abordagem da doença na versão pessoal.
Saber cuidar da morte segundo Blasco (s.d.) implica que os profissionais de saúde tomem duas frentes de acção. A primeira surge numa mudança de atitude, ampliando os seus horizontes habituais fazendo do humanismo um companheiro na sua actuação profissional. A segunda, representada pela sua função técnica, poderá ser dominada «gestão» da morte. Ampliar os horizontes é pensar numa relação médico-paciente-família, promovendo nesta relação o humanismo, que toma por ideologia defender que mais importante que a doença é conhecer a pessoa doente.
Não existe uma forma correcta universal de resposta e adaptação a um mau prognóstico. A tarefa do médico consiste em auxiliar o paciente a adaptar-se da melhor forma possível, em função do passado específico desse paciente-familiar, cultural e religioso. Muitas pessoas possuem uma combinação de recursos internos e de bom apoio por parte da família e de outras pessoas que lhes permite adaptarem-se sem crises incapacitantes.
A doença não deve ser vista tendo em consideração somente a sua manifestação fisiológica de um modo isolado, sendo necessário atender ao sofrimento por ela provocada e ao seu impacte no doente e na sua família. É necessário que se reconheça a dedicação pessoal da família, o cuidado oferecido e levar a família a colocar questões e a participar no tratamento e cuidados prestados aos pacientes. Os hospitais devem arbitrar as medidas necessárias para assegurar uma contínua e adequada intimidade entre o paciente terminal e os seus entes queridos ajudando os familiares a enfrentar esta situação de stress de que padecem.
A família deverá ser informada pontualmente da evolução da doença, dos sintomas que vão surgindo e como se processará esta etapa final. Muitas famílias atravessam as mesmas etapas de adaptação à doença e à morte que o paciente e requerem uma atenção cuidada. Os profissionais de saúde devem estar atentos às preocupações dos familiares, devem proporcionar o estabelecimento de uma comunicação aberta e evitar a «conspiração do silêncio», dedicarem-se ao paciente e prestar todos os cuidados necessários e possíveis existentes para esta etapa final da vida (Astudillo, 1996).
Artigo retirado do livro:"O doente oncológico e a família" e editado para o blog por Eunice Tomé
Sem comentários:
Enviar um comentário