"Investigadores da Ohio State University, nos EUA, descobriram que a inflamação crónica causada por infecção ou doenças está associada a até 25% dos casos de cancro, avança o portal ISaúde.
Resultados do estudo ajudam a entender melhor como a inflamação pode levar ao desenvolvimento de tumores.
A equipa de investigação, liderada por Esmerina Tili descobriu que a inflamação estimula um aumento dos níveis de uma molécula chamada microRNA-155 (miR-155). Esta, por sua vez, provoca uma queda nos níveis de proteínas envolvidas na regeneração do ADN, resultando numa maior taxa de mutações genéticas espontâneas, o que pode levar ao cancro.
"O nosso estudo mostra que miR-155 é regulada por estímulos inflamatórios e que a expressão em excesso dessa molécula aumenta a taxa de mutação espontânea contribuindo para a tumorigénese", explicou Tili. "As pessoas já suspeitavam há algum tempo que a inflamação desempenha um papel importante no cancro e o nosso estudo apresenta um mecanismo molecular que explica como isso acontece".
Os investigadores mostraram ainda que os dados do estudo sugerem que as drogas destinadas a reduzir os níveis de miR-155 podem melhorar o tratamento de cancros relacionados com a inflamação.
Papel-chave
Papel-chave
Os microRNAs formam uma grande família de genes não-codificantes envolvidos em muitos processos celulares importantes. Eles realizam essa função suprimindo a quantidade de proteínas particulares nas células, com cada tipo de microRNA, muitas vezes, afectando muitas proteínas diferentes.
A MiR-155 é conhecida por influenciar a maturação das células sanguíneas, reacções imunológicas e doenças auto-imunes, e altos níveis dessa molécula foram directamente ligados ao desenvolvimento de leucemias e de cancro da mama, pulmão e gástrico.
Para este estudo, Tili e os seus colegas examinaram os efeitos das substâncias que promovem a inflamação, como o factor de necrose tumoral ou lipopolissacarídeo (encontrados nas paredes externas das bactérias), sobre expressão de miR-155 e sobre a frequência de mutações espontâneas em células de cancro da mama.
Quando os investigadores expuseram células de cancro da mama aos dois factores inflamatórios, os níveis de miR-155 elevaram anormalmente e a taxa de mutação aumentou de duas a três vezes. Para entender o porquê, os investigadores centraram-se no geneWEE1, que interrompe o processo de divisão celular para permitir que o ADN danificado possa ser reparado.
Os investigadores descobriram que miR-155 também tem como alvo WEE1 e mostraram que altos níveis de miR-155 levam a baixos níveis de WEE1. Os cientistas descobriram que baixos níveis de WEE1 permitem que a divisão celular continue, mesmo quando ADN danificado está presente, levando a um crescente número de mutações.
"Acredita-se que o cancro é causado por um acúmulo de mutações nas células do corpo", diz o investigador principal Carlo M. Croce. "O nosso estudo sugere que miR-155, que está associado com a inflamação, aumenta a taxa de mutação e pode ter um papel-chave nos cancros induzidos por inflamação. Isso pode torná-lo um importante alvo terapêutico"."
Artigo retirado do in:http://www.pop.eu.com/news/4645/26/Estudo-revela-como-inflamacao-pode-levar-ao-desenvolvimento-de-tumores.html e editado para o blog por Eunice Tomé
Sem comentários:
Enviar um comentário